Compilações historiográficas na Hispânia cristã até ao ano 1000
From: 2017-03-30 To:2017-03-30
Thematic Line
Medieval & Early Modern Philosophy
Research Group
Reason, Politics & Society
15h00 às 17h00 | Sala de Reuniões 2
Prof. Rodrigo Furtado
(Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)
Resumo: Em 1970, a propósito da historiografia visigótica, Hillgarth dizia que ‘Spanish historians create no new models in historical writing’. No mesmo ano, Díaz admitia que nem sempre os Hispânicos anteriores ao ano 1000 ‘se sintieran con fuerzas para escribir’ história. Falta de originalidade ou de rasgo literário são características apontadas à historiografia ibérica da Alta Idade Média. E efectivamente, parecem faltar textos como os de Gregório de Tours, para a Gália, de Beda, para a Grã-Bretanha, ou de Paulo Diácono, para a Itália lombarda; ou na Hispânia não gostavam de história, ou não a sabiam escrever, ou preferiram gastar tempo e recursos noutros assuntos. Neste seminário, procuro rever estas opiniões. De facto, procurarei mostrar que boa parte da historiografia hispânica da segunda metade do primeiro milénio depende de uma estrutura cronística diacrónica, modelada sobre a cronografia de Eusébio/Jerónimo, assente sobre a constituição de colectâneas, que permitiam a constante actualização dos textos, bem como a elaboração e inserção de novas epítomes, reconfigurando as colecções anteriores. Esta forma de conceber e utilizar a história assenta na Hispânia numa enorme liberdade no manuseamento dos materiais, que acaba por estruturar um autêntico cânone, dependente dos princípios estabelecidos na Antiguidade tardia e sujeito a contínuas adições e reformulações até pelo menos ao ano 1000.
Organização:
Seminário Medieval de Literatura, Pensamento e Sociedade (SMELPS)
Medieval and Early Modern Philosophy Thematic Line
Instituto de Filosofia da Universidade do Porto - FIL/00502
Financiamento: FCT