Vinte e seis anos após a queda material e simbólica do Muro de Berlim, os muros voltam a disseminar-se como dispositivos políticos imunitários na Europa. Migrantes, deslocados, refugiados, exilados constituem figuras que se significam em relação a um espaço sedentário onde são marcados os territórios de reconhecimento do mesmo e de rejeição do estranho. Num cenário político de violência extrema, milhões de homens e mulheres deslocam-se sem cartografia definida. Em fuga, num tempo que pode durar uma vida, encontram-se cercados, presos em não-lugares, imobilizados por muros – materiais e imateriais – que convocam cenários onde se joga uma política de destruição do bárbaro através de uma geografia de morte. A sobrecarga de refugiados, mortos e deslocados é, assim, um acontecimento que se significa por referência a um território que, sendo uma noção geográfica, é, antes de mais, segundo Michel Foucault, uma noção jurídico-político, ou seja, aquilo que é controlado por um certo tipo de poder. Com o projeto MUROS I estética, política e artes procura-se, sob uma perspetiva sensível e teórica, pensar o impensado de uma política migratória na Europa, através da problematização da figura do muro como dispositivo histórico e político contemporâneo.
Conferência organizada em parceria:
Grupo de Investigação Estética, Política e Conhecimento do Instituto de Filosofia da UP & Balleteatro
[integrada no Programa do Festival de Cinema Family Film Project]
http://www.familyfilmproject.com/pt