“No encerramento da sua terceira edição, em Novembro de 2014, o festival de cinema Family Film Project dedicou uma conferência ao tema das “Deslocações da Intimidade”, tendo contado com a presença de Catarina Mourão, Diogo Aguiar, Jean-Martin Rabot, Jorge Leandro Rosa e Gabriela Vaz Pinheiro, cujas comunicações em torno do íntimo e das suas zonas de fronteira nos ofereceram um panorama rico e eclético do tema, em particular na sua relação com a arte. A estes nomes vieram entretanto juntar-se outros tantos – Cesário Alves, Daniel Blaufuks, Eugénia Vilela, Jorge Campos, Luciana Fina, Paulo Tunhas e Maria Augusta Babo – acrescentando reflexões diversas sobre o problema da intimidade e das suas deslocações. É esse coletivo de vozes que agora reunimos na presente publicação.
O questionamento do íntimo convida irresistivelmente à análise das mais variadas zonas de fronteira: a periferia do espaço social, do habitáculo familiar, do corpo, da estrutura identitária, etc. Desde a esfera política (tradicionalmente relacionada com o público, com a polis) ao domínio mais essencial da subjetividade humana (que remete classicamente para um interior privado, seja pela via de uma nudez existencial ou de uma reclusão solipsística), o conceito de intimidade vai participando transversalmente na gestão de relações de força que, no seu sentido mais abrangente, tendem a confundir-se com a própria dimensão antropológica. Em última análise, é o próprio recinto do humano que se joga no jogo da intimidade, como uma luta territorial sem geografia bem definida.”
http://www.familyfilmproject.com/pt
Parceria:
Balleteatro
Grupo de Investigação Estética, Política e Conhecimento do Instituto de Filosofia da UP