7 de novembro 2023 (terça-feira) | 18h00

Sala de Reuniões 2 e Online

Faculdade de Letras da Universidade do Porto

Ciclo Internacional de Conferências

A Cidade em Movimento. Desafios Éticos e Políticos | 2023-2024

Sessão 1

A turistificação e o direito à cidade

| Agustín Cocola-Gant (CEG - Centro de Estudos Geográficos, Universidade de Lisboa).

Resumo: É amplamente reconhecido que nos centros históricos de cidades como o Porto e Lisboa existe um processo de turistificação. Isso refere-se a uma rápida expansão do turismo numa área específica num curto período de tempo, o que implica uma mudança no uso de espaços inteiros, representando uma alteração implícita do uso do solo de residencial para turístico.

Com base num trabalho de campo realizado em várias cidades turistificadas, a apresentação irá discutir como este processo acarreta consequências de injustiça socioespacial e como estas devem ser interpretadas a partir da perspetiva do direito à cidade.

Ao mesmo tempo, será abordada a forma como esta perspetiva entra em conflito com o direito ao turismo promovido pela Organização Mundial do Turismo. A apresentação analisará o motivo pelo qual o direito ao turismo e a ideia de que 'todos somos turistas' representam um projeto neoliberal e eurocêntrico, que deve ser encarado como um exemplo de colonialidade. 

Derecho a la ciudad vs. Derecho al turismo

José López-González (Postdoctoral Fellow at the Universitat Jaume I)

Resumo: Depois de um período de undertourism causado pela COVID-19, a difícil harmonização entre o turismo e as expetativas de quem habita nas cidades, objeto desta atividade, mostrou a existência de um conflito que tende a ser pensado como uma luta entre o direito à cidade e o direito ao turismo.
Na intervenção no Ciclo de Conferências “A Cidade em Movimento”, procurarei salientar o papel que desempenha a orientação ética no surgimento de conflitos entre os dois direitos. A hipótese que defenderei será que esta dinâmica pode estar a atuar como correlato cultural da dinamização social impulsionada pelo modelo económico da acumulação flexível — que afeta tanto a produção quanto o consumo.
A partir desta perspetiva, proporei que as expetativas éticas não operam apenas como referente crítico para justificar ou questionar os horizontes universais subjacentes ao direito da cidade ou do turismo, assim como para denunciar sua instrumentalização, mas também como um vetor que pode contribuir para a emergência do conflito entre ambos os direitos.

Ciclo A Cidade em Movimento. Desafios Éticos e Políticos 2023-2024

Organização | Organization

Research Group Philosophy & Public Space (RG PPS)
Irandina Afonso
João Rebalde
José Luís López González
Institute of Philosophy of the University of Porto – UIDB/00502/2020
Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)