3 de fevereiro 2024 | 17h00 | Livraria Gato Vadio - Porto
Participantes:
Jorge Leandro Rosa (APK/IF-UP), Irandina Afonso e Tiago Mesquita Carvalho (Investigadores do PPS/IF-UP)
Neste Sábado, discutir-se-á a catástrofe a partir de um leque de perspectivas diversas. O termo parece ser cada vez mais usado para descrever quer aqueles acontecimentos de magnitude e escala considerável, como guerras, pandemias, desastres, quer a forma como pequenos episódios quotidianos ou certas modificações estruturais no ambiente social ou natural deixam entrever uma lógica que permanecia oculta ao andamento dos dias. Em comum, a catástrofe prende-se com o acontecer (questionamos também, em algum momento, as fórmulas substantivas do acontecimento) insólito e disruptivo que abala a temporalidade «normal», e lança os sobreviventes num trauma que possui o potencial de uma transformação.
É assim que os sucessos que sobrevêm com as catástrofes parecem estar ligados à génese de tentativas sistemáticas de reinterpretação do lugar do Homem no Cosmos ou até de reformas da organização social com vista à remediação dos seus efeitos mais nefastos e à preservação do bem-estar. Aquém e além da linha da modernidade, a catástrofe espreita: por um lado, a catástrofe está bem ancorada no domínio religioso e aparece aí paradoxalmente associada à cosmogonia e à antropogenia, por outro, a catástrofe acompanha historicamente o processo de secularização da teodiceia e a colocação da justiça terrena nas mãos dos homens, papel que invoca a intensificação e exacerbação do conhecimento científico e tecnológico. Perguntar-se-á se a aposta no conhecimento e na sua equação em poder não resultará, ao invés, em mais ignorância e impotência.
Aproveitando a edição mais recente da Filosofia | Revista da FLUP dedicada ao tema, esta sessão abordará temas do mal, do conhecimento e da domesticação do imprevisível. Tentaremos ainda apreender se há ou não algo de comum a catástrofes como o terramoto de Lisboa, o holocausto, as bombas de Hiroxima e Nagasáqui, a sexta extinção ou a mudança climática. Ou seja, perguntar-nos-emos se há catástrofe.
O volume referido, Philosophy and Catastrophe, 39 (2022) está disponível em linha em:
https://ojs.letras.up.pt/index.php/filosofia/issue/view/864
Organização:
Livraria Gato Vadio
RG Philosophy and Public Space (PPS)
Instituto de Filosofia da Universidade do Porto - FIL/00502
Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)