Masterclass com Fernando José Pereira | Family Film Project 2023
From: 2023-10-19 To:2023-10-19
Thematic Line
Modern & Contemporary Philosophy
Research Group
Aesthetics, Politics & Knowledge
O CINEMA E O TEMPO NO NOSSO TEMPO SEM TEMPO
MASTERCLASS POR FERNANDO JOSÉ PEREIRA
MASTERCLASS + FILME
[PT]
As imagens neste início de século têm vivido numa condição absolutamente adversa. As alterações tecnológicas que estamos a vivenciar e a assistir, quais espectadores, numa sucessão cada vez mais rápida da sua evolução, colocam problemas novos. A arte e o cinema não são, assim, excepções. Bem pelo contrário. É aqui que estão a ser experimentadas as maiores transformações. Duas delas têm grande relevância para esta discussão: as temporalidades cada vez mais comprimidas e uma constante evolução em torno da autonomização tecnológica, mascarada de democrática, e que permite a massificação das imagens. Quer dizer, a troca conceptual da noção de qualidade pela de quantidade. Que posicionamentos serão, assim, possíveis para artistas e cineastas continuarem a trabalhar fora desta construção territorial ao qual não querem pertencer? Que fazer saber para um tempo sem tempo para reflectir? Porquê ser inactual nessa construção semântica que se chama actualidade? Estas são perguntas sem resposta, estas são questões que diariamente são colocadas e que só poderão ser “respondidas” com o próprio trabalho sensível.
[EN]
The images at the beginning of this century have lived in an absolutely adverse condition. The technological changes we are experiencing and observing as spectators, in an increasingly rapid succession of their evolution, pose new problems. Art and cinema are no exception. On the contrary, they are where the most significant transformations are taking place. Two of them have great relevance for this discussion: the increasingly compressed temporalities and a constant evolution around technological autonomization, disguised as democratic, which allows the massification of images. In other words, the conceptual exchange of the notion of quality for quantity. What positions will be possible for artists and filmmakers to continue working outside this territorial construction to which they do not want to belong? What can be done in a time without time to reflect? Why remain inactive in this semantic construction called actuality? These are unanswered questions, asked daily, and can only be “answered” through sensitive work itself.
SESSÃO DE CINEMA / FILM SESSION
18H30 - BATALHA CENTRO DE CINEMA - 43’
O ATERRO
FERNANDO JOSÉ PEREIRA
2023 | PORTUGAL | FILME/ENSAIO | 43’
Um pretexto: depois de 11 anos de trabalho intenso no atelier, este foi desmontado. O espaço vai ter uma outra utilidade. Tal como no aterro, outra imagem irá formar-se, a partir da que existia. Esta situação potenciou uma reflexão sobre as imagens na contemporaneidade e a sua relação com a memória e a História. Todas as imagens foram filmadas no atelier, como sabemos, espaço de experimentação e trabalho. Daí, também, o carácter de processo que o filme passa nas suas imagens. Um acontecimento passado espoleta toda a narrativa que se desenvolve segundo uma lógica de monólogo.
A pretext: after 11 years of intense work in the atelier, it was dismantled. The space will have another use. As in the landfill, another image will form from the one that existed. This situation fostered a reflection on contemporary images and their relationship with memory and history. All images were shot in the atelier, as we know, a space for experimentation and work. Hence, also, the character of the process that the film goes through in its images. A past event triggers the entire narrative that develops according to a monologue logic.
BIO
Fernando José Pereira. Porto, 1961, Vive e trabalha no Porto, é membro fundador e actual co-director da VIROSE, www.virose.pt e do colectivo de música electrónica experimental Haarvöl. Membro integrado do Instituto de Investigaçã o em Arte e Design (Universidade do Porto) e do Grupo de Estética e Teoria das Artes da Faculdade de Filosofia da Universidade de Salamanca. Artista multidisciplinar com preponderância nas imagens movimento. A sua atividade filmográfica situa-se numa fronteira porosa entre as artes plásticas e o cinema. Os seus filmes passam, por isso, tanto em espaços expositivos como em Festivais de Cinema: “Por i”, apresentaçã o do filme com banda sonora ao vivo na secçã o Art Directions: sound / vision do International Film Festival of Rotterdam, 2023. “Novas da Infestaçã o”, Festival Internacional do Filme Etnográfico do Recife, Brasil). 2021. “Now (Post Mortem)”, Filmóptico, Art Visual and Film Festival, Barcelona, Catalunha; 2021. “Now (Post Mortem)”, (Latino and Iberian Film Festival at Yale – LIFFY), USA; 2020. O laboratório, Incuna International Film Festival (Mençã o do Júri), Gijón, España. 2018. O laboratório, programa do Festival Porto Post/Doc, Porto, Portugal. 2018. “novas da desolaçã o”, (The 10th Berlin International Directors Lounge [DLX], Berlin), 2013. Autor do livro “Arctic Cinemas: Essays on Polar Spaces and the Popular Imagination” Ed. Kylo-Patrick Hart; McFarland & Company, Inc, Publishers, North Carolina, USA.
Porto, 1961, lives and works in Porto, is a founding member and current co-director of VIROSE, www.virose.pt and the experimental electronic music collective Haarvöl. Integrated member of the Research Institute in art and Design (University of Porto) and the group of aesthetics and Theory Of Arts of the Faculty of Philosophy of the University of Salamanca. Multidisciplinary artist with a preponderance in movement images. His film activity is located on a porous border between the Fine Arts and cinema. Therefore, his films are shown both in exhibition spaces and at Film Festivals: Por i, presentation of the film with live soundtrack in the Art Directions: sound / vision section of the International Film Festival of Rotterdam, 2023. Novas Da Infestação, International ethnographic Film Festival of Recife, Brazil). 2021. “Now (Post Mortem)”, Filmoptico, Art Visual and Film Festival, Barcelona, Catalonia; 2021. “Now (Post Mortem)”, (Latino and Iberian Film Festival at Yale – LIFFY), USA; 2020. ” The laboratory”, Incuna International Film Festival (Jury Mention), Gijón, Spain. 2018. “The laboratory”, program of the Porto Post/Doc Festival, Porto, Portugal. 2018. “news from desolation”, (the 10th Berlin International Directors Lounge [DLX], Berlin), 2013. Arctic Cinemas: Essays on Polar Spaces and the Popular Imagination. Kylo-Patrick Hart; McFarland & Company, Inc, Publishers, North Carolina, USA.
Organização:
Né Barros | Filipe Martins | Eugénia Vilela
Research Group Aesthetics, Politics and Knowledge (APK)
Instituto de Filosofia da Universidade do Porto - UIDB/00502/2020
Balleteatro
Inserido no FAMILY FILM PROJECT 2023
12º Festival Internacional de Cinema de Arquivo, Memória e Etnografia
17 a 21 de outubro 2023 | Porto
Batalha Centro de Cinema
Museu Nacional Soares dos Reis, Editoria, Casa Comum, A Leste
http://www.familyfilmproject.com/pt
O Family Film project retorna ao Porto para a sua 12ª edição, de 17 a 21 de outubro de 2023, no Batalha Centro de Cinema, com um programa dedicado ao experimentalismo cinematográfico e ao questionamento ético-estético das imagens, sempre com especial enfoque nos espaços da intimidade e no cinema que aí se faz a partir de dentro.
A secção competitiva do festival mantém a sua matriz habitual, com a organização das diversas sessões por duas áreas temáticas abrangentes: “Vidas e Lugares” (com enfoque na abordagem estética a quotidianos, habitats e biografias) e “Memória e Arquivo” (dedicada à temporalidade e à apropriação poética de testemunhos e de found footage). Haverá também espaço para duas sessões competitivas de ficção, uma das quais dedicada a curtas-metragens portuguesas. Ao todo, a secção competitiva do festival reúne vinte e dois filmes de dezasseis nacionalidades, incluindo cinco filmes de produção nacional.
A edição deste ano do festival dedica o seu foco principal à obra de Naomi Kawase, realizadora japonesa várias vezes premiada em Cannes e figura incontornável do cinema mundial contemporâneo. Tal como já tem sido hábito neste festival, o foco incidirá sobretudo sobre uma fase mais seminal e pessoal da sua carreira, com a exibição de um total de nove filmes realizados entre 1992 e 2012, enquadrados na parcela documental ou cine-diarística da sua obra, todos eles ambientados no meio familiar – a relação afetiva com a tia-avó, a figura do pai ausente que a abandonou em criança, o nascimento do filho –, mas também filmes caraterizados pela autorrepresentação e pela busca do sentido e da identidade, incluindo a sua própria identidade artística enquanto cineasta. Naomi Kawase virá ao Porto para apresentar a seleção de filmes e também fará uma masterclass sobre o seu trabalho, acompanhada pelo crítico de cinema e programador italiano Luciano Barisone, especialista na sua obra. A exibição dos filmes será organizada em quatro sessões: uma primeira sessão dedicada à chamada “trilogia da avó”, com os filmes Katatsumori [1994], Ten, mitake (See the Heaven) [1995] e Hi wa katabuki (Sun on the Horizon) [1996]; uma segunda sessão com os filmes Embracing [1992] e Kya Ka Ra Ba A (Sky, Wind, Fire, Water, Earth) [2001], ambos relacionados com a temática do pai ausente; uma terceira sessão com três filmes posteriores que prosseguem os mesmos temas familiares, incidindo sobre o abandono, a morte e o nascimento: Shadow [2004], Tarachime (Birth/Mother) [2006] e Chiri (Trace) [2012]; e, por fim, a sessão de encerramento do festival, onde será exibida a longa-metragem Genpin [2010], que aprofunda o tema da interdependência entre a vida e a morte.
Estes seminários/masterclasses inserem-se no âmbito do Family Film Project - festival internacional de cinema arquivo, memória e etnografia que decorre de 17 a 21 de outubro 2023. Trata-se uma parceria com o grupo de Estética, Política e Conhecimento do Instituto de Filosofia da Universidade do Porto.