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Rui de Pina

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    Filipe Alves Moreira

Rui de Pina

Investigador: Filipe Alves Moreira
Período: 2011-2017

 

O projeto de pós-doutoramento de Filipe Alves Moreira, intitulado «A tradição manuscrita das Crónicas de D. Sancho I a D. Afonso IV da autoria de Rui de Pina», foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia entre 2011 e 2017 (Ref: SFRH/BPD/7285/2010), e nele se inclui o sítio web aqui albergado. A conceção deste projeto partiu de uma dupla constatação: a da incontornável importância das crónicas de Rui de Pina para múltiplos aspetos da história, da literatura, da cultura e do pensamento portugueses e peninsulares, e a ausência total de edições feitas segundo critérios rigorosos, e quase total de estudos (literários, filosóficos, historiográficos ou outros) que lhes tenham sido especificamente dedicados. Autor muito referido, mas muito pouco estudado – assim se pode caracterizar, de forma sintética, mas rigorosa, a fortuna crítica deste cronista.

Com efeito, a importância, o alcance e o significado das crónicas de Rui de Pina na História e na cultura portuguesa e peninsulares resultará evidente se tivermos em conta a enorme quantidade de cópias, traduções (para o castelhano, sobretudo), comentários, resumos e adaptações que destas crónicas se foram fazendo ao longo do tempo, bem como a não menor quantidade de historiógrafos e escritores que as tomaram como fontes ou modelos para os seus próprios trabalhos, de Camões e António Ferreira a Fr. António Brandão e Almeida Garrett, entre muitos outros. Não é exagero dizer que a versão dos primeiros tempos da história de Portugal que, ao longo de séculos (e ainda hoje em certos contextos), preponderou deriva, precisamente, das crónicas de Rui de Pina. 

Quanto ao estado da investigação anterior ao início do referido projeto de pós-doutoramento, praticamente inexistente, bastará remeter para as breves, mas claras e precisas palavras deixadas em duas sínteses elaboradas por Teresa Amado, e ambas publicadas em 2010 (uma, na Encyclopedia of Medieval Chronicle, Leiden, Brill; outra no volume The historiography of medieval Portugal, Lisboa, IEM), assim como para o estado da questão crítico-analítico apresentado na parte inicial de dois trabalhos posteriores e elaborados já no âmbito do referido projeto de pós-doutoramento: Filipe Alves Moreira, «A tradição manuscrita das Crónicas de D. Sancho I a D. Afonso IV da autoria de Rui de Pina», Romance Philology, Vol. 68 (Spring 2014), Brepols, pp. 93-120; e Filipe Alves Moreira, «Para uma edição da Crónica de D. Sancho I de Rui de Pina: testemunhos, métodos e problemas», Actas do XVI Congreso de la Asociación Hispánica de Literatura Medieval, Porto, 2017.

O referido projeto de pós-doutoramento teve como objetivo principal o de dar início a um processo de estudo sistemático e criteriosamente efetuado da produção cronística de Rui de Pina. Tendo em conta a base empírica (textual) e o estado da questão crítico-editorial, foi elaborado um plano de médio-longo prazo que prevê começar pelas Crónicas de D. Sancho I a D. Afonso IV (que formam um conjunto coeso) e, em relação a elas, pelo estudo da sua tradição manuscrita, seguindo-se o das suas fontes/intertextos e respetivo uso, e após isso, a edição de cada uma dessas seis crónicas, sem que daqui haja de inferir-se a terminante exclusão de estudos dedicados a outros aspetos com elas relacionados. O estudo da tradição manuscrita dos reis da primeira dinastia, complexo e necessariamente moroso, foi o objetivo primordial do referido projeto de pós-doutoramento. O sítio eletrónico que aqui se apresentará visa, a um tempo, sistematizar essa fase do plano global acima descrito e preparar as seguintes. Desejavelmente, este mesmo percurso deverá, em algum momento, alargar-se às restantes crónicas de Pina – as dedicadas a D. Duarte, D. Afonso V e D. João II –, talvez mais conhecidas, mas igualmente pouco, ou nada, objeto de estudos específicos e de edições elaboradas segundo critérios cientificamente rigorosos. E tudo isto deverá servir como ponto de partida para uma nova, rigorosa e integrada visão da escrita historiográfica e da memória socio-cultural dessa época crucial que foi, permita-se a formulação, a passagem do «medieval» para o «moderno», bem como para a compreensão das múltiplas formas de persistência daquele.         

Os resultados do referido projeto de pós-doutoramento têm sido, entretanto, disponibilizados não apenas através de trabalhos em publicações científicas, mas também em encontros e eventos públicos, e ainda na Internet. Destaca-se, neste último caso, a base de dados Bibliografia de Textos Antigos Galegos e Portugueses (BITAGAP), de PHILOBIBLON, a cuja equipa Filipe Alves Moreira pertence, base de dados que muito tem beneficiado dos resultados da investigação levada a cabo no âmbito do referido projeto de pós-doutoramento. Estão disponíveis nesta base de dados, com efeito, os elementos relativos à tradição manuscrita das crónicas de Rui de Pina, bem como outros aspetos e informações relacionados com este autor e a sua obra, que podem ser consultados a partir da ficha dedicada a Rui de Pina, e seguindo as múltiplas hiperligações. O sítio que aqui se apresentará complementará, sistematizará e completará este conjunto de informações.

Veja-se a ficha de Rui de Pina na BITAGAP, e a página inicial dessa bibliografia interativa.

Filipe Alves Moreira

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